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Rio de Janeiro-RJ: Greve Internacional de Mulheres - #8M

Rio de Janeiro-RJ: Greve Internacional de Mulheres - #8M

Março 08, 2017 - 23:58
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Diz-se que o dia 8 de março, no qual é comemorado o dia internacional da mulher, tem início na luta e nas reivindicações de diversas mulheres da classe trabalhadora do século XIX. A história desta data é marcada pela garra das operárias e pelo sangue nas mãos da repressão policial. Mesmo com muitas batalhas, as mulheres vêm até os dias atuais sofrendo e rodeadas por opressões de classe e gênero na sociedade capitalista e patriarcal.

Hoje diversas cidades de mundo inteiro tiveram protestos pela greve internacional das mulheres. A luta levanta os holofotes para a questão do feminicídio e do machismo. No Brasil, estima-se que 3 a cada 5 mulheres jovens já foram vítimas de relacionamentos abusivos. 70% da população também estima que a mulher sofre mais violência em casa do que em espaços públicos. O Brasil ocupa o quinto lugar entre os países que mais matam mulheres no mundo. Em 2013, foram cerca de 13 homicídios diários. Também vale ressaltar que a taxa de homicídio de mulheres negras cresceu 54% em dez anos.

É pensando nesses dados alarmantes que o dia internacional da mulher não pode e não deve passar em branco. Convidamos algumas mulheres para comentar sobre o dia, sobre o machismo cotidiano, a luta, e recebemos três depoimentos.

O primeiro conta um caso de assédio ocorrido em São Paulo, e é assustador.

“Foi em São Paulo, quando eu estava voltando de um show, e eu estava com meu pai, e estava saindo o último metrô. Meu pai entrou no metrô, a porta do metrô fechou e eu fui puxada por vários caras e eu apannhei muito. Eles berravam coisas como “além de negra é mulher”, umas coisas bem pesadas. Depois de uns quatro ou cinco anos, foi chegar uma carta, isso recentemente, em relação ao processo. Isso chegou semana passada, e ontem chegou uma outra carta falando que não aconteceria nada e que eu teria que pagar uma indenização”

O relato atenta para o descaso do Estado para a questão do feminicídio e do estupro no país. A segunda entrevistada enviou um texto sobre ser mulher em sua concepção.

“Menina, adolescente, mulher. Isso, mulher, é o que sou. Mas mulher no sentido literal da coisa. Sinto vontade de gritar isso aos quatro ventos quando me vejo encurralada por vários prédios no centro da cidade. Será que eles não percebem? Eu me vejo agora trilhando um caminho de conquista. Mas eles não sabem do que passou. E me julgam por bater no peito e gritar que sou mulher e tenho orgulho. Quando minha mãe descobriu meu sexo, lá na barriga ainda, ela jogou o peso de milhares de fatores nas minhas costas. Tenho que admitir que ser mulher às vezes nos leva a várias situações ruins. A gente para e pense. "E se eu fosse homem...", "E se eu fosse mais forte...". Mas calma aí, eu já sou forte o bastante para lutar. Perceba. Olha em volta. Eu sou uma mulher. Não uma submissa, uma servente. Sou livre. Eu tenho voz. E se eles não me ouviram ainda, bem, eu vou gritar. Muitas mulheres em outrora foram silenciadas, e eu não posso me esquecer. Por isso grito. Me liberto. Quebro e questiono as regras. Quem disse que preciso usar saia?”

E por fim, a terceira mulher faz uma crítica ao dia internacional da mulher:

“Bom, o dia das mulheres nada mais é que o dia mais hipócrita que tem. "Comemoram" nossa existência como se fôssemos especiais apenas nesse dia. Nos outros dias, somos apenas objeto de prazer e donas do lar. Continuamos sendo espancadas, exploradas, maltratadas, silenciadas, assediadas e assassinadas. Isso não pára, dia nenhum do ano, nem mesmo no nosso dia. Infelizmente, é só mais uma data roubada pelo capitalismo, para vender presentes sem significado real nenhum.”

Neste dia internacional da mulher, e em todos os outros, o que fica não é comemoração, é luta.

ORIGEM DO 8 DE MARÇO

A data foi instituída em memória das operárias russas que foram brutalmente reprimidas pelo governo czarista em uma manifestação, neste 08 de março* de 1917, por melhores condições de trabalho e vida e contra a entrada da Rússia na primeira guerra mundial. As operárias já vinham se manifestando desde o início do ano e foi devido a luta das mulheres, potencializada pela repressão do dia 08 de março que se deu o início a Revolução Russa de 1917, que em seu início ainda possuía um caráter popular.

No entanto, o Dia Internacional da Mulher surgiu em 1909 após uma conferência Internacional das Mulheres Socialistas, no contexto das lutas das mulheres por melhores condições de trabalho e pelo direito a voto nos EUA e na Europa.

A primeira comemoração foi em 28 de fevereiro de 1909 nos EUA, mas nos anos seguintes, vários países europeus aderiram, fazendo suas comemorações principalmente durante a semana em memória à Comuna de Paris, no final de março.

Anos depois, a data passou esquecida, principalmente no ocidente, sendo relembrada pelo movimento feminista da década de 60.

Atualmente, a data foi apropriada pelo sistema capitalista e transformada em data festiva onde patrões e homens em geral, dão rosas vermelhas às mulheres, sem nenhuma memória de sua origem histórica e reforçando o estereótipo machista que associa a mulher a fragilidade de uma flor.

No entanto, com o revigoramento dos movimentos feministas nos últimos anos, esta data vem, sendo lembrada por sua memória original de luta e emancipação feminina.

* 8 de março no calendário ocidental porém 23 de fevereiro no calendário juliano

There is 1 Comment

Não tem como mais 'postar matéria' no site novo????
Assim o CMI perde todo o seu conceito!!!
Saudade do site antigo...

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